quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Casos e acasos

Daniel, um velho amigo, me anunciou esses que vai se casar logo, logo. Conversa vai, conversa vem, e, lá pelas tantas, me confessou que conheceu a digníssima futura senhora Machado num site de relacionamento. "Cara, juro pra você que não acreditava nessas coisas. Mas, aí, conheci um casal de amigos que contou que tinha se conhecido num desses sites. Eles tavam tão felizes, que eu resolvi entrar pra ver...", contou. Ricardo, outro amigo, vive se estapeando com a atual namorada, mas, no final, quase sempre consegue se entender com ela. E, tapas e beijos à parte, adivinhem onde se conheceram? Num site de relacionamento.

Casos como essess me dão a impressão de que, cada vez mais, as pessoas recorrem a esse tipo de serviço pra, digamos assim, se arranjar. Não sei se há estatísticas indicando esse movimento e nem mesmo se há, de fato, um aumento da procura. Ou mesmo se isso sempre existiu e nós, agora trintões, é que nos sentimos tios solitários e, daí, recorremos a tais expedientes pra descobrir nossa cara metade. Fato é que a Internet - com o Orkut e congêneres - facilitou e, de certa forma, deu uma cara mais moderna e menos estranha pra esses serviços. Explico: pelo menos em minha ignorância, o que havia antes eram as agências matrimoniais, que associávamos a nerds, punheteiros, solitários e exquisitões em geral. Agora, com a Internet, tudo ficou mais simples e prático. O sujeito não precisa mais se expor, indo até a agência ou, sequer telefonando. Basta entrar no site, digitar todas aquelas informações (nome, idade, peso, altura, cor do cabelo - verdadeiras ou não) e pronto. Rápido, fácil, quase rotineiro como acessar um e-mail. Por isso, provavelmente, que gente como o Ricardo e o Daniel entraram nessa e tão por aí, felizes da vida com suas respectivas.

Mas, pra mim, por mais que as coisas tenham evoluido e se tornado mais, como dizem por aí, 'user friendly', fica ainda a impressão de que tudo isso não passa de artificialismo. Amor de verdade tem de ter uma pitada de casualidade, de imprevisto. É aquela coisa de, um dia, dar de cara com a boca mais linda do universo num ônibus circular - e, a partir daí, não importa o tempo que faça ou a quantidade de gente espremida naquele cubículo o sujeito vai, todo dia, se matar pra estar ali, naquele paradisíaco meio de transporte. Ou de ir, de conversa em conversa, entrando no mundo - e no coração - da colega de faculdade que senta na sua frente e só foi parar na mesma sala que você porque não conseguiu entrar na faculdade na turma do diurno. Ou de imaginar que, durante anos, você passou durante suas viagens de férias por uma cidadezinha na qual sua futura namorada ainda brincava de bonecas. Acasos dessa vida.

Nomes esdrúxulos - Último Capítulo (profissão perigo)

Pra encerrar a série - e pra postar algo neste agora não lido blog, vejam o e-mail que recebi:

Para: XXXXXXXXXX

Pedido de Ajuda

Olá, sou estudante do Curso de blablablá, e estou precisando de Dados sobre os prejuizos causados aos blablablá devido à nononononon. Preciso de ajuda para um trabalho da disciplina de empreendedorismo, venho pesquisando a algum tempo sobre o assunto e não consigo o que eu realmente preciso. Gostaria muito que vocês me enviassem alguma das informações citadas acima ou algum site que em poderia obter tais informações... Aguardo sua resposta.

Magayver Dutra

R: Caro Magayver

Quem precisa de ajuda sou eu. Na semana passada, meu carro quebrou - o mecanico me disse que o problema seria 'motor de arranque', 'ingnição' (SIC) e 'injição eletrônica' (SIC, de novo); além disso, meu computador não funciona há algum tempo, em conseqüencia de uma pane de origem desconhecida na CPU (desconfio de que esse seja o motivo da fumaça preta e fedorenta que sai dali toda vez que eu tento liga-lo); finalmente, os sistemas eletrico e hidráulico do meu apê estão em colapso. Por favor, me ajude! Tenho certeza de que, com um grampo de cabelo, ou um clip você será capaz de resolver todos esses problemas pra mim.

Ab