quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Manhãs de segunda-feira

Sete horas da manhã. O despertador do celular toca, implacável, cumprindo seu dever de nos interromper o sono. Você rola preguiçosamente pela cama, de um lado pro outro. Ainda sonolenta, se ajoelha sobre a cama. E me abre um sorriso, os olhos enteabertos. Os cabelos, impecavelmente e deliciosamente despenteados. Sua pele cheira a edredons, travesseiros e lençóis. Que belo dia de trabalho.

Viúvas alegres - Reproduzido do Blog Escuta Zé!

Nem sempre a Morte se contenta em ser trágica. Às vezes, ela quer ser cômica, também.
Para variar um pouco, há ocasiões em que gosta de pregar peças durante o exercício de seu indefectível ofício de levar-nos desta para melhor.

O caso ocorrido segunda-feira passada, no Rio Grande do Sul, por exemplo.
Uma colisão do carro funerário fez com que o caixão do defunto fosse lançado sobre sua viúva, que estava no banco da frente, matando-a instantaneamente.

A pobre coitada nem teve direito ao tempo regulamentar geralmente desfrutado pelas viúvas, quando seus maridos se vão e elas, depois de um breve período de luto, voltam a curtir a vida.
As estatísticas mostram que as mulheres vivem, em média, sete anos a mais do que os homens.
Não sei se isso é um bônus por aguentarem seus maridos até o fim da vida, ou um castigo pelo pecado original do conluio com a serpente.

Acho que é um prêmio, um "chorinho" a mais que a Morte lhes oferece, consternada, quem sabe, pelas dores do parto e demais agruras reservadas ao sexo feminino neste mundo machista.
Se considero essa sobrevida um prêmio é porque até hoje nunca vi uma viúva triste.
Depois de passado o período de nojo - perdão, leitores, pela inusitada palavra, mas é assim mesmo que se chamam os dias de luto, de profunda mágoa: nojo - elas ficam indisfarçavelmente alegres. Principalmente se o falecido deixou uma pensão razoável.

Começam a viajar, a frequentar bailes da terceira idade, já não cozinham todos os dias, assistem ao programa que querem na televisão, enfim, "vive la liberté"!

Acabou a obrigação de cuidar da mala-sem-alça em que nos transformamos, nós outros, homens, depois de velhos e aposentados.

Não creio que haja pessoa mais chata de se aturar do que marido velho e aposentado, de pijama, dentro de casa o dia inteiro, a reclamar de tudo.

Essa viúva de Porto Alegre, porém, não teve essa sorte. Foi levada junto com o falecido, sem um dia a mais sequer de lambujem.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O fantástico Marilson - ou Heróis do domingo

Caros. Não gosto muito de enveredar pela seara esportiva (ou desportiva). Tenho, lá, meu interesse pelo assunto, mas, como nunca fiz parte da turminha da sala que sabia a escalação da seleção de 1938 - ou qual era o chassi do Fitipaldi em 1974, quando ele conquistou seu primeiro título -, deixo a questão pra quem sabe. Boa dica, aliás, é o blog do companheiro Cesarotti.

Mas não posso deixar de comentar o último domingão. Foi memorável. Um daqueles dias em que a gente gruda no sofá, grita e sente o coração palpitando. Minha digníssima, que assistiu á corrida de Fórmula 1 ao meu lado, no sofá, que o diga.

Bom, pra começar, o fabuloso tricolor chegou lá. Conquistou, contra todo o coro de olhos gordos, pipoqueiros e secadores em geral, a liderança do brasileirão. E, a menos que haja um desastre, conquistará, de maneira inédita, o tri campeonato. No início da campanha e até há uns meses, muita gente criticava o Muricy. Diziam que já tinha chegado ao fim da linha no São Paulo, que não tinha tido competência pra convencer a diretoria do clube a contratar alguns nomões e por aí vai. E eis que o time deu a volta por cima e se apresenta como favorito ao título. Venceu o Inter (RS) por 3 x 0. Uma vitória, como dizem, 'com autoridade'. Em que pesem todas as críticas, o tricolor já vinha merecendo. Tem o melhor ataque e a segunda melhor defesa do campeonato. Tudo bem, o time não tem os tais nomões. À excessão de Rogério Ceni e Ernanes, nenhum jogador, alí, tem vocação pra ídolo. Curioso, aliás, a recente babação de ovo dos coleguinhas jornalistas sobre o volante pernambucano. Parece que, pra justificar a ascenção do time, precisaram criar um novo ídolo - não que ele não seja um baita jogador, diga-se. Então tá. Vamos assim, com Hugo, Borges e Zé Luis. E que continuem nos secando e falando mal do trabalho do Muricy.

Mas o destaque maior do fim de semana foi, mesmo, o Felipe Massa. Ele foi perfeito no GP do Brasil. Massa pôs um ponto final na Era Rubinho - que, se tudo correr bem (entenderam???? entenderam????) vai se aposentar - e recuperou, para nós, brasileiros, a graça da Fórmula 1. Uma pena que não tenha sido campeão. Mas o final da corrida foi de lascar. Duas voltas para o final e o Hamilton, tranquilo com o quinto lugar que lhe garantia o título, de repente é ultrapassado pelo alemão Sebastian Vettel. Pronto. Tinhámos, nas duas últimas voltas, a improvável combinação que dava ao Massa o título mundial. (Confesso que, nesse momento, dei um berro "Passou, p.!"). Mas, na volta final, na última curva, com a chuva mais forte, Timo Glock, que corria com pneus pra tempo seco, foi ultrapassado por Vettel e (putz) pelo Hamilton. Por pouquíssimos metros, o Massa perdeu o título.

Por fim, uma façanha que passou praticamente despercebida: o bi-campeonato de Marilson Gomes na Maratona de Nova York. Numa reação impressionante e faltando menos de uma milha (1,6 km), Marilson ultrapassou o marroquino Abderrahim Goumri. Cruzou a linha de chegada em primeiro e se consagrou na mais importante maratona do Planeta. Não foi pouco. Marilson deixou pra trás uma dezena de quenianos - entre eles o lendário Paul Tergat -, etíopes, marroquinos, italianos, japoneses, etc. De quebra, levou um premiaço de US$ 160 mil. Diante de tantos fatos esportivos, os jornais brasileiros (e o público em geral), deram pouca importância ao feito. O New York Times, um dos jornais mais importantes do mundo - e que dedica páginas e páginas à Maratona, registra o fato, numa matéria em que mostra que, entre os brazucas que vivem na 'Big Apple', quase ninguém sabia da vitória do braziliense. Lá, como cá, estavam todos de olho no futebol e na Fórmula 1 - via TV Globo Internacional (confira a matéria no link http://www.nytimes.com/2008/11/03/sports/othersports/03brazil.html?ref=othersports). A Maratona de Nova York não é a São Silvestre. Até pelo prêmio que paga, sua 'tropa de elite' é composta pelos melhores corredores do mundo. Uma volta foi o tempo para o Brasil vibrar - e depois se decepcionar - com Felipe Massa. Mas ninguém deu bola para a uma milha que transformou Marilson Gomes num herói. Uma pena.