segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O fantástico Marilson - ou Heróis do domingo

Caros. Não gosto muito de enveredar pela seara esportiva (ou desportiva). Tenho, lá, meu interesse pelo assunto, mas, como nunca fiz parte da turminha da sala que sabia a escalação da seleção de 1938 - ou qual era o chassi do Fitipaldi em 1974, quando ele conquistou seu primeiro título -, deixo a questão pra quem sabe. Boa dica, aliás, é o blog do companheiro Cesarotti.

Mas não posso deixar de comentar o último domingão. Foi memorável. Um daqueles dias em que a gente gruda no sofá, grita e sente o coração palpitando. Minha digníssima, que assistiu á corrida de Fórmula 1 ao meu lado, no sofá, que o diga.

Bom, pra começar, o fabuloso tricolor chegou lá. Conquistou, contra todo o coro de olhos gordos, pipoqueiros e secadores em geral, a liderança do brasileirão. E, a menos que haja um desastre, conquistará, de maneira inédita, o tri campeonato. No início da campanha e até há uns meses, muita gente criticava o Muricy. Diziam que já tinha chegado ao fim da linha no São Paulo, que não tinha tido competência pra convencer a diretoria do clube a contratar alguns nomões e por aí vai. E eis que o time deu a volta por cima e se apresenta como favorito ao título. Venceu o Inter (RS) por 3 x 0. Uma vitória, como dizem, 'com autoridade'. Em que pesem todas as críticas, o tricolor já vinha merecendo. Tem o melhor ataque e a segunda melhor defesa do campeonato. Tudo bem, o time não tem os tais nomões. À excessão de Rogério Ceni e Ernanes, nenhum jogador, alí, tem vocação pra ídolo. Curioso, aliás, a recente babação de ovo dos coleguinhas jornalistas sobre o volante pernambucano. Parece que, pra justificar a ascenção do time, precisaram criar um novo ídolo - não que ele não seja um baita jogador, diga-se. Então tá. Vamos assim, com Hugo, Borges e Zé Luis. E que continuem nos secando e falando mal do trabalho do Muricy.

Mas o destaque maior do fim de semana foi, mesmo, o Felipe Massa. Ele foi perfeito no GP do Brasil. Massa pôs um ponto final na Era Rubinho - que, se tudo correr bem (entenderam???? entenderam????) vai se aposentar - e recuperou, para nós, brasileiros, a graça da Fórmula 1. Uma pena que não tenha sido campeão. Mas o final da corrida foi de lascar. Duas voltas para o final e o Hamilton, tranquilo com o quinto lugar que lhe garantia o título, de repente é ultrapassado pelo alemão Sebastian Vettel. Pronto. Tinhámos, nas duas últimas voltas, a improvável combinação que dava ao Massa o título mundial. (Confesso que, nesse momento, dei um berro "Passou, p.!"). Mas, na volta final, na última curva, com a chuva mais forte, Timo Glock, que corria com pneus pra tempo seco, foi ultrapassado por Vettel e (putz) pelo Hamilton. Por pouquíssimos metros, o Massa perdeu o título.

Por fim, uma façanha que passou praticamente despercebida: o bi-campeonato de Marilson Gomes na Maratona de Nova York. Numa reação impressionante e faltando menos de uma milha (1,6 km), Marilson ultrapassou o marroquino Abderrahim Goumri. Cruzou a linha de chegada em primeiro e se consagrou na mais importante maratona do Planeta. Não foi pouco. Marilson deixou pra trás uma dezena de quenianos - entre eles o lendário Paul Tergat -, etíopes, marroquinos, italianos, japoneses, etc. De quebra, levou um premiaço de US$ 160 mil. Diante de tantos fatos esportivos, os jornais brasileiros (e o público em geral), deram pouca importância ao feito. O New York Times, um dos jornais mais importantes do mundo - e que dedica páginas e páginas à Maratona, registra o fato, numa matéria em que mostra que, entre os brazucas que vivem na 'Big Apple', quase ninguém sabia da vitória do braziliense. Lá, como cá, estavam todos de olho no futebol e na Fórmula 1 - via TV Globo Internacional (confira a matéria no link http://www.nytimes.com/2008/11/03/sports/othersports/03brazil.html?ref=othersports). A Maratona de Nova York não é a São Silvestre. Até pelo prêmio que paga, sua 'tropa de elite' é composta pelos melhores corredores do mundo. Uma volta foi o tempo para o Brasil vibrar - e depois se decepcionar - com Felipe Massa. Mas ninguém deu bola para a uma milha que transformou Marilson Gomes num herói. Uma pena.

2 comentários:

Luiz Maritan disse...

Sabe qual é a dureza disso tudo? O Marílson conseguiu um baita feito por lá e, como vc disse, a Maratona de Nova Iorque é muito mais que a São Silvestre. Mas no outro dia, só falavam do Felipe Massa. Eita país carente de cultura esportiva...

Luiz Maritan disse...

Aliás, só pra completar: e teve lugar em que a principal notícia sobre o Marílson é que ele não vai correr a São Silvestre. Socorro...