sexta-feira, 10 de maio de 2013

Aventureiros de ontem e de hoje


A aventura sempre foi um conceito muito presente na vida do homem. Mesmo que você esteja lendo este texto no conforto de um sofá e nunca tenha pisado no cume de uma montanha, navegado quilômetros num caiaque ou sequer feito um trekking de cinco ou seis quilômetros, saiba que sua vida deve muito ao espírito aventureiro da humanidade. Não fossem nossos ancestrais terem atravessado o estreito de Behring, entre a Rússia e o Alaska, há uns 10 mil anos – num trekking pré histórico casca grossa vários grau abaixo de zero – você não estaria lendo este texto. E, se Cabral não tivesse realizado a travessia do Atlântico Sul quinhentos anos antes de Amyr Klink, a história do Brasil seria diferente. Devemos muito aos aventureiros.



Mas tanto os hominídeos quanto os portugueses tinham lá, consciente ou inconscientemente, uma motivação econômica e, sob esse aspecto, o conceito mudou radicalmente. Há um século, a ideia de aventura como busca de riqueza já havia sido substituída por outra, relacionada à obtenção de reconhecimento. Em vez de ouro, especiarias ou novas terras buscava-se glória. Naqueles tempos, ser o primeiro a pisar num cume ou num ponto inóspito era questão de orgulho nacional, capaz de render várias honrarias. Foi nesse período que foram conquistados pela primeira vez o Polo Norte (1909), o Polo Sul (1911) e o Everest (1953). Primeiro homem a pisar no topo do Everest, o neozelandês Edmund Hillary foi nomeado sir pelo governo britânico e virou até estampa no dinheiro local em seu país. Para orgulho da rainha e de seus súditos, a maior montanha do mundo fora conquistada por um aventureiro originário de uma ex-colônia ainda com forte ligação com a Grã Bretanha.


Hillary Dólar da Nova Zelândia - à esquerda, há uma imagem do Everest

Mas a glória dos aventureiros cobrava seu preço. Muitos ficaram pelo caminho. O inglês Robert Scott esteve próximo de ser o primeiro a chegar no Polo Sul, mas acabou morrendo congelado juntamente com todo o grupo de sua expedição no retorno à base. Outro britânico, George Mallory, tem uma história igualmente trágica: ele teria atingido o pico do Everest em 1924, mas seu feito nunca foi comprovado, pois logo após a suposta conquista, Mallory sucumbiu diante das temperaturas baixíssimas e da altitude. Os equipamentos precários e a alimentação inadequada daqueles tempos, assim como a falta de um treinamento específico para os enormes esforços tiraram a vida de muitos dos postulantes à glória. Para se ter uma ideia, de 1922 até 1970, 28 escaladores chegaram no cume e 27 sucumbiram. Ou seja, a chance de morrer era de 50%!

Tudo isso evoluiu. GPS portáteis, roupas tecnológicas forradas com penas de ganso, tecidos que resistem às piores tormentas em alto mar, celulares capazes de fazer ligações e até de acessar o Facebook dos lugares mais remotos do Planeta mudaram mais uma vez o conceito de aventura. Os feitos mais memoráveis do início do século passado se tornaram acessíveis a qualquer ser humano mais ou menos em forma. Comparando com os dados anteriores sobre o Everest, em 2003, nada menos que 264 pessoas chegaram ao cume e apenas três morreram. O fator tecnologia é, portanto, indiscutível.

Este GPS da Garmin resiste à água, a impactos e possui uma câmera de 5 MP.

Mas se ficou tão mais fácil, o que, então, buscam os conquistadores do século XXI? Simplificando um pouco, a ideia, hoje, é a da aventura pela aventura. Busca-se ainda hoje a glória, mas de uma forma diferente. Nada de honrarias. Em tempos em que todos têm seus 15 minutos de fama, um vídeo no Youtube ou algumas fotos no Facebook são suficientes para conquistar o reconhecimento de algumas dezenas de amigos e simpatizantes. Mas não é só isso. Busca-se, também, um ativo não econômico de valor incomensurável nos dias de hoje: paz de espírito. Já os profissionais do ramo (gente como Amyr Klink, o corredor de aventura Rafael Campos e o escalador Rodrigo Raineri) lançam livros, vídeos, conquistam apoio de marcas ligadas ao mundo outdoor. Nas conquistas do século XXI, as condecorações da rainha foram substituídas pelo onipresente logo azul e vermelho da Red Bull.

Os aventureiros do passado não tinham acesso a isso:


 Heatgear - Aquece a água sozinho, sem precisar de fogareiro. Um litro de água fica quente em 15 minutos.

Gatorade mais Cebion é igual a...Suum! Uma pastilhazinha igual a um Cebion misturada com água faz um litro de isotônico.



Saco de dormir Marmot Plasma 15. Suporta até 26 graus negativos e pesa menos de um quilo.


Barraca Easton Kilo 3. Aguenta ventos de até 65 quilômetros por hora e pesa 1,3 quilo. Se tivesse uma dessas, Hillary teria vida mais fácil no Everest.



Assim como os produtos estrangeiros, os equipamentos nacionais evoluíram uma barbaridade. Mais baratos e com tecnologia que não fica em nada a dever para os gringos, eles são, hoje, uma excelente opção. Esta mochila da Kailash possui um sistema que permite a circulação de ar nas costas e conta com uma capa protetora, além de porta bastões. E mais: possui uma mochila menor, de ataque, acoplada.