domingo, 13 de janeiro de 2008

Fragmentadora de papel

Recebi, de um tal de Marcelo Antunes, o seguinte e-mail: "Aqui está a forma correta de eliminar os papéis que dizem respeito a você e a sua empresa. Secret Off Destruction Super Paper Small Pieces Documentos Fragmentadoras de Papel Tabajara. Sua segurança na medida certa".

Fragmentadoras de papel, pra quem não sabe, são aquelas máquinas cuja finalidade única é triturar documentos. Fisicamente falando, são super-lixeiras equipadas, na parte superior com um orifício semelhante ao dos pré-históricos aparelhos de fax, no qual se insere o papel. O documento enfiado naquele ralo da morte sai do outro lado, transformado em milhares de pedacinhos. Quinze mil seissentos e quarenta e cinco pedacinhos, me informa o anúncio - pergunto-me se o sr. Antunes se deu ao trabalho de contar, fragmento por fragmento, em quantos desses pedacinhos se transformam meus outrora super secretos documentos.

O e-mail informa, ainda, que há dois modelos de fragmentos: bolinhas, parecidas com confete de carnaval e 'partículas', seja lá o que isso signifique - desconfio que o resultado seja algo parecido com serpentina ou, falando em linguagem gastronômica, talharim. O modelo mais possante fragmenta até 10 folhas padrão 75 gramas ou um cartão de crédito ou um CD. Alta tecnologia a serviço da destruição.

Tenho cá minhas dúvidas em relação às intenções do sr. Antunes ao escolher este tão mal informado e pouco política e empresarialmente influente escriba pra alardear as qualidades de tal mecanismo.

De resto, confesso que fragmentadoras de papel sempre me pareceram uma espécie de confissão implicita de culpa. Adquirir uma equivaleria, por exemplo, a freqüentar uma clínica especializada em melhoria do desempenho sexual. Lembro-me de que, quando estive em Brasília, nos idos de 2004, chamou-me a atenção o grande número de anúncios de dispositivos como esse e, vejam só, de serviços especializados terceirizados. "Destruímos seus documentos com total sigilo e segurança." Imagino que, na Capital Federal, a fragmentadoras sejam, para os escritórios e gabinetes, item tão básico e indispensável do mobiliário quanto a escrivaninha e a máquina de café. Desconfio, aliás, de que, nos porões do Congresso ou de alguma residência oficial, haja, neste exato momento, uma equipe de centenas de burocratas (envergados em jalecos brancos, ternos acima do tamanho e gravatas de mau gosto) trabalhando dia e noite pra tirar das pranchetas um fragmentador de caseiros detratores, secretárias mal-comidas e ministros da fazenda trapalhões.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Danilo, no trabalho já tive oportunidade de usar uma dessas maquininhas. É muito divertido! Não é tão desestressante quanto pegar o papel com as próprias mãos e o rasgar, mas dá para diminuir o nível de stress. Ah, não usei para acabar com nenhuma prova escusa! Tínhamos que enviar um grande lote de celulares via Sedex, e qual a melhor maneira de amortecer choques? Colocar a cixinha do celular dentro de outra caixa e preencher o espaço entre as duas com papel picado. Ficamos uma semana usando a dita cuja, muito legal. É o tipo de brinquedo para se comprar quando se tem dinheiro sobrando (não é o meu caso) ou quando se tem algo a esconder (idem), mas é uma maquininha interessante.
Abraço!

Anônimo disse...

Ultra-moderna? Em filmes da Segunda Grande Guerra você já vê isso!

Danilo Vivan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Danilo Vivan disse...

Meu caro anônimo. Você tem razão. Dê uma olhada no post mais recente.