sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

São Silvestre - Parte I

Noite mal dormida. Dor de barriga. Saquinho de supermercado para acondicionar, com segurança, contra a chuva, o celular, umas notas de R$ 10 e um inevitável naco de papel higiênico. Lista detalhada de músicas para lotar a memória do aparelhinho de MP3: U2, Bad Religion, Dave Matthews. Ah, e um boa desculpa para, quem sabe, pular fora na última hora. Inseguranças e preparativos que precederam minha primeira participação na São Silvestre. Nos próximos posts, dois ponto um leitores, tentarei descrever essa experiência.

A São Silvestre é certamente a prova mais famosa e, possivelmente, a mais antiga do País. Tem 83 anos. É a corrida a que todo mundo assiste, mesmo sem entender lhufas de atletismo. Uma efeméride do Reveillon, assim como o peru, a champanha e a contagem regressiva prá virada do relógio - venha ela de que relógio vier.

É, também, por excelência, a personificação e a catalisação de todos os desejos de ordem físico-desportiva para o ano que se inicia. Na festa de família, diante da TV sintonizada na São Silvestre, fumantes declaram solenemente, diante dos olhares incrédulos, que abandonarão o vício e passarão a praticar esportes. Afinal, ainda falta um ano prá próxima São Silvestre. Meio a contragosto, primos rechonchudos também se comprometem a refrear ímpetos destruidores. Assalto à geladeira nunca mais!

Minhas primeiras memórias da São Silvestre remetem a longínquos reveillons na casa de tia Terezinha. Magrinha e minúscula, traços bem definidos no rosto miúdo, tia Terezinha era, pra mim, sósia da corrredora portuguesa Rosa Mota. Diante de sua TV, assistíamos à Rosa Mota cruzar - invariavelmente em primeiro lugar - a linha de chegada, enquanto os fogos do ano novo já pipocavam nos céus da avenida Paulista. Naquele tempo, a São Silvestre terminava à meia noite. A subida derradeira era na avenida Consolação. E a tia Terezinha era a Rosa Mota.

Depois, vieram João da Mata, Rolando Vera, Paul Tergat, Marilson da Costa. Heróis desconhecidos do grande público em seus 15 quilômetros de fama.

Logo, logo, tem mais.

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