quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Coisas que eu odeio

Pequena relação de situações que tornam meu dia-dia um pouco mais disgusting.

Freada de elevador

Leva de três a cinco segundos, cronometrados no relógio, dependendo, evidentemente, do modelo e da idade do equipamento em questão (sim, fiz questão de verificar) . Freada de elevador é, em poucas palavras, uma das sensações mais desagradáveis para portadores de síndrome pré-claustrofóbica, como este escrevinhador. Naquele tempinho quase imperceptível para os não iniciados nesse tão providencial meio de transporte, a sensação é a de pane geral, imediata e definitiva. Pior se, junto com você, compartilhando aquele espaço minúsculo, estiver, por exemplo, um chefe ou vizinho com o qual você não guarde grande afinidade. A convivência nos elevadores, por mais curta que seja, tem lá suas regras. Exige, em geral, que se olhe para baixo, num silêncio de funeral ou quando muito, que se atenha a assuntos banais, como a previsão do tempo, as condições do trânsito ou o último jogo do timão. Os prédios mais modernos, por sinal, são equipados com tecnologia de ponta a serviço dessas regras de boa conduta. Os elevadores, nesses edifícios high tech, possuem monitores de TV de última geração nos quais são veiculadas as notícias do momento - a respeito da previsão do tempo, das condições do trânsito e do último jogo do timão. De qualquer forma, mesmo para aqueles que não têm qualquer problema claustrofóbico, a perspectiva de um, digamos, apagão elevadorístico põe a perder todas essas regras, mudando completamente o panorama da partida. Sombrio.

Informações sobre as condições do Trânsito

Um serviço como esses deveria ser chamado de irritabilidade pública. O que me importa saber que a intransitável Marginal do Tietê está tão congestionada quanto a ultra-intransitável Radial Leste? As emissoras de rádio gastam, todos os dias, uma enorme quantidade de energia, dinheiro e combustível escalando repórteres, alugando helicópteros e tudo o mais apenas para lembrar aos pobres dos motoristas que não fará a menor diferença ir pro trabalho pela rua A ou pela avenida B, pois ambas estarão igualmente e inevitavelmente congestionadas. Num post anterior, comentei que, segundo o próprio prefeito Gilberto Kassab, há um déficit de 110 quilômetros de vias em São Paulo. Ou seja, ruas de menos prá carros demais. Comentei, também, que a solução seria estimular outros meios de transporte, mas esse não é o tema em questão. Voltando ao assunto: informações sobre condições de transito só servem, mesmo, pra lembrar que o trânsito da capital não tem mais solução. Melhor parar tudo e começar do zero.

Paulistano em cidadezinha do Interior

Meus zero vírgula três leitores paulistanos, me perdoem. Mas confesso que, como interiorano radicado nesta paulicéia que sou, nunca entendi lá muito bem por que raios os colegas aqui nascidos e criados têm a péssima mania de sair por aí exigindo, quando em terras menos urbanizadas, o mesmo padrão de atendimento da 'capitar'. Não, não quero aqui assumir o papel de defensor do descaso aos nobres direitos do consumidor. Também não sou fã de demora nos restaurantes, de cheiro de mofo em quartos de hotel ou de bife sangrando no lugar daquele filé ao ponto que o cidadão havia pedido. Mas, pior que esses deslizes, são os pequenos espetáculos proporcionados pelo dito povo civilizado de Sampa. Dos garçons ao cachorro, todos são alvo deste superexigente consumidor quando alguma coisa não sai como sairia nos restaurantes do Itaim, nos bares da Vila Madá ou em algum hotel bacana da Alameda Santos. "Moço. A pizza que eu pedi demorou 40 minutos. 40 minutos! O senhor tem idéia do que é isso? Pode suspender!"

Computador com síndrome de técnico

Quem nunca passou por isso? Acompanhe a seqüência:

01) O sujeito acaba de produzir um trabalho super esmerado num Photoshop da vida ou uma planilha complicadíssima no Excel, mas, na hora de salvar, TUM! Surge um retângulo enorme na tela acompanhado de um aviso do tipo "Não foi possível realizar esta operação";

02) Claro, numa situação como essas, qualquer cidadão com um mínimo de experiência em peripaques tecnológico-corporativos (ou, em tecniquês, 'paus') sabe que, na maioria das empresas há um departamento responsável quase que somente por resolver esse tipo de problema - em geral esses departamentos são conhecidos mais por siglas que por nomes; pode ser Centro de Processamento de Dados (CPD), Central de TI (TI, mesmo) ou algo que o valha.

03) Os técnicos desses departamentos, em geral castigados pela falta de intimidade com os PCs (mal que atinge predominantemente a geração-máquina-de-escrever), vivem atolados de trabalho. Por isso, demoram preciosos minutos pra chegar no ponto em que se encontra o infeliz do Photoshop;

04) Quando isso finalmente acontece, a invariável primeira pergunta do técnico: "O que tá acontecendo. Pode me mostrar?" (E incrível a capacidade que esses caras têm de manter a mesma cara de paisagem, mesmo que o caso em questão seja de perda total da HD e o desesperado, o próprio presidente da empresa);

05) O desesperado que havia ligado há quarenta minutos - e que durante esse tempo todo, não havia feito mais nada, a não ser amaldiçoar gerações e gerações da família do pobre técnico, repete o procedimento;

06) A máquina, por pura sacanagem, realiza a operação normalmente. O arquivo é salvo, o e-mail é enviado, o comando solicitado aparece, tudo rapidamente e sem o menor transtorno. Como a vingança, dizem, é um prato que se come frio, o técnico, diante do constrangimento do colega - dado o inesperado ataque de eficiência da máquina -, sequer lhe dirige uma palavra. Lança-lhe, em vez disso, apenas um olhar de desprezo.

Telemarketing

Preciso tá explicando?

Um comentário:

lulooker disse...

Tá ficando cada vez melhor isto aqui, hein? Parabéns!rs
Agora, deixa eu te relatar uma situação ocorrida comigo, esta semana, no elevedor do edifício onde trabalho. Veja se não contraria TODAS as regras de etiqueta de elvador e qualquer noção de bom senso:

Cenário: Elevador cheio, todos em silêncio. Sobe-se alguns andares, a porta se abre, entram duas mulheres

- Mulher 1 (olha bem para a cara da mulher e fazendo uma espécie de careta): "Aquele negócio lá que você fez no cabelo, não deu certo?! Aquela escova progressiva?"

- Mulher 2 (provavelmente já pensando em uma forma indolor e eficaz de suicídio): "É, então, acho que não peguei um profissional muito bom"

A porta se abre, eu desço...