sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Alma de saci

Texto postado no blog Caiporas (http://caiporas.com.br/) em homenagem ao colega Pedro Sansão. Pedrinho, como era chamado, era organizador de corridas de aventura em Botucatu, tinha uns 35 anos e morreu em Buzios (RJ), num acidente de carro, quando voltava do Ecomotion, uma das mais importantes provas de corrida aventura do País.

Conheci o Pedrinho Sansão nos idos e hoje distantes anos 1990, no Objetivo. Ele era dois, três anos, mais velho que eu e nossa conversa nunca foi muito além de um "E aí? Tudo bem?"Pra mim, ele era da turma dos caras mais velhos e ponto final. "A turma do cursinho", coisa distante pra molecada do primeiro, segundo colegial. Tempos do diretor Eledir e do professor Carlão, que, poucos anos depois, seria substituído pelo Célio.

O pouco contato que tínhamos desapareceu de uma vez quando ele deixou o Objetivo, lá por 1993 - em 1994, eu também deixei o 'Biju', quando ingressei na faculdade de Direito, em Bauru. Reencontrei o Pedrinho em 2005 anos depois, em 2005, quando ele trouxe o Ecomotion, uma das principais corridas de aventura do País, aqui pra Botucatu.

Continuamos apenas conhecidos, não amigos, mas, desde então, passei a ter, por ele, uma tremenda admiração. Pedrinho estava envolvido até o pescoço com os esportes de aventura, com turismo ecológico, com a Cuesta da Botucatu. Minha admiração, aliás, só aumentou quando soube que ele havia criado uma agência de turismo ecológico, a Guará - e de quem recebia por e-mail, regularmente, os informativos.

Bem localizada, bem decorada, criativa nos pacotes oferecidos, a Guará me parecia um projeto que tinha, mesmo, tudo pra dar certo (embora, diga-se, tenha me oferecido algumas vezes, pecotes, digamos assim, menos ecológicos e mais convencionais, pra peças de teatro, por exemplo - fazer o que? É preciso sobreviver, that´s business...)

O fato é que, embora eu nunca tenha embarcado nos passeios da Guará, a agência sempre me pareceu uma proposta de primeira. O profissionalismo, pelo jeito, teria, finalmente, chegado ao turismo ecológico em Botucatu.

Pedrinho tinha alma de saci. O saci (aquele, mesmo, de gorro e cachimbo) é um bicho típico da região. Pedrinho certamente lutou pra preserva-los e, com certeza, criava, no quintal da Guará, um casalzinho deles. Amava a Cuesta e, em suas trilhas, encontrou um jeito de ganhar a vida. Sua última grande empreitada, a Travessia da Cuesta de Bike, marcada pro final de novembro, fica, agora, órfã. Assim como ficam um pouco órfãos todos os que acreditavam no seu trabalho.

Nenhum comentário: